segunda-feira, 12 de março de 2012

Badzine: Algumas mudanças a mais...

Editorial – Algumas mudanças a mais...
POR RAPHAEL SACHETAT – 12 DE MARÇO DE 2012
PUBLICADO EM DESTAQUES

Uma semana no All England é sempre especial. Tem algo único nisso. E, vamos confessar, é o melhor torneio no mundo. Pelo prestígio. Pela montagem. Pela eficiência da equipe. Mas, também pelo modo como as coisas melhoraram desde que ele se tornou um Superseries Premier. O layout é simplesmente fabuloso. O ginásio se encaixa perfeitamente - no dia das finais, ele parece um mini Old Trafford, apenas mais aconchegante. Claro, não é o mesmo que estar no Istora Senayan ou Bukit Jalil, verdadeiros caldeirões, mas o NIA pode vibrar tanto quanto - quase - por qualquer nação. O público conhece o badminton, vibra por um grande badminton e não apenas por seus compatriotas. Alguém poderia se sentir como se estivesse em Kuala Lumpur quando Chong Wei faz um ponto, e um segundo depois, no Estádio Olímpico de Pequim quando Lin Dan empata, ou ainda no centro de Copenhagen quando Peter Gade está em quadra. É uma situação única no mundo do badminton...

Outra boa ideia foi ter um grande "anfitrião", que conduz o público entre os jogos ou aquece o ginásio antes dos jogos começarem, com ideias brilhantes, como colocar o seu número de celular no telão para que os espectadores ligassem e o primeiro ganharia um assento no "Melhor lugar da casa" - um confortável sofá logo ao lado da quadra! A equipe de TV coloca suas câmeras na cara dos atletas, mas isto dá uma sensação aos telespectadores que torna tudo muito vivo. O centro de imprensa funciona de forma muito profissional e tradicional, como se poderia esperar em um grande esporte - um deleite para nós repórteres e fotógrafos que normalmente não conseguimos algo num padrão semelhante em outros lugares do mundo. Os shows de alta qualidade antes dos jogos são também um grande bônus (como ouvir Suzanne Rayappan (conhecida como "Raya"), uma ex-atleta de badminton inglesa que agora é uma cantora profissional. Há muitas outras ideias que tornam este evento tão especial.

Chega de jogos às 3h da madrugada...
Houve uma falha técnica, entretanto, esta semana: a primeira rodada, que terminou às 3h da madrugada - me perdôem, 2:54 para ser mais preciso, quando Ratchanok Inthanon terminou seu jogo contra Yip Pui Yin. Alguns minutos antes, Peter Gade havia sido derrotado por Rajiv Ouseph. O que deveria ter sido a maior vitória de Rajiv e o último All England de Peter acabou sendo disputado diante de uma dúzia de espectadores a 1h da madrugada e isso é uma droga. Peter merecia muito mais, depois de participar desta competição por 15 anos, então mandado para casa em silêncio. A única coisa boa disto é que certamente causou uma grande preocupação de todos. Adrian Christy, Executivo Chefe da Federação Inglesa de Badminton, convocou uma conferência de imprensa no dia seguinte e encontrou as seguintes palavras para expressar a pena de Peter deixar a competição desta forma, e que esta lição deve ficar na memória para o futuro com formas de solucionar isso: prever mais de 40 minutos por jogo em torneios de tão alto nível. Voltar a utilizar a 5ª quadra nas primeiras rodadas para tornar o dia mais curto para todos.

Desempates?
Entre as ideias apresentadas por Adrian Christy, uma nova chamou nossa atenção. Poderia haver alguma discussão sobre uma nova forma de pontuação. O sistema de 3 x 21 pontos fez agora todos - quase - concordarem que é melhor que o antigo sistema de 2 x 15 pontos. Mas que tal um desempate depois do segundo game? Isto certamente iria apimentar os jogos se, digamos, uma vez que ambos os atletas tivessem vencido um game, eles teriam que brigar por apenas 7 ou 9 pontos para vencer a partida. Este seria um final emocionante se ter que esperar até 21. E isto encurtaria os jogos, seria mais gentil com os corpos dos atletas - algo que está se tornando cada vez mais comum na preocupação dos atletas. Devo admitir que eu gostei da ideia.

Um evento olímpico de equipes?
Uma outra coisa poderia ser alterada também: criar, para nações pelas quais os países vêm primeiro, um evento de equipes nos Jogos Olímpicos. Esta seria a resposta para um problema que nós, no Badzine, levantamos inúmeras vezes: jogos combinados. Está claro que existe um choque culturar entre valores compartilhados por países que estão buscando pelo orgulho nacional ao invés do sucesso individual e a ética oficial do esporte. Então, porque nós não criamos um evento olímpicos de equipes: uma Sudirman Cup com 5 categorias e uma medalha de ouro em disputa (ao invés de jogos de todos contra todos nos eventos individuais, pois não haveria tempo para isso).

Isto teria muitas vantagens. A primeira seria que as nações asiáticas, para as quais o país é mais importante que qualquer outra coisa, veriam aqui uma oportunidade de brilhar como um todo. Isto também permitiria que alguns outros atletas participassem dos Jogos Olímpicos - o que seria justo apenas para aqueles que estão fora da linha de corte por pouco e que ainda estão entre os melhores do mundo, mas não conseguem qualificar para os Jogos - se a BWF pudesse negociar um conjunto extra de "camas para o badminton" na Vila Olímpica. E, tomara, isto também significaria que não haveria mais jogos combinados - ou suspeitos - entre compatriotas antes dos Jogos Olímpicos, assim como aconteceu no passado no All Englando, e como pode ter acontecido novamente no domingo, quando os francos favoritos foram simplesmente batidos pelos seus compatriotas nas finais de simples feminina e duplas femininas.

Abrir um evento de equipe poderia satisfazer aqueles que querem que suas nações vençam, e talvez "aliviar" as estratégias de equipe nos eventos individuais? Talvez não funcione, mas poderia funcionar. E um evento de equipe nos Jogos Olímpicos soa bom para mim, já que a Sudirman Cup é um dos principais eventos do esporte, e iria definitivamente se encaixar bem no programa Olímpico - assim como a esgrima ou o tênis de mesa, por exemplo. Os Jogos Olímpicos são, afinal de contas, um evento onde as pessoas deveriam compartilhar, se unir e jogar juntas.

De qualquer forma, estes foram apenas meus dez centavos depois de outra semana de grande badminton. Vou sentir falta da atmosfera, da cidade, das pessoas. E eu vou voltar no ano que vem com o mesmo prazer.

Por Raphael Sachetat, Editor Chefe do Badzine Internacional
Fotos: Badmintonphoto

http://www.badzine.net/features/editorial-%E2%80%93-a-few-more-changes%E2%80%A6/18729/

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