segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Medalha dá impulso ao esporte?

Sempre fui meio desconfiado em relação à idéia de que temos que ganhar uma medalha para deslanchar o esporte. É claro que uma medalha dá um destaque enorme e atrái mídia, chamando atenção de quem nunca havia ouvido sobre um esporte. Mas só isso não é condição para tornar o esporte conhecido ou popular.

Esta semana, lendo uma reportagem no jornal O Globo, vi exemplos, com diversos esportes que trouxeram medalha nos últimos Panamericanos e não têm muita visibilidade, mas que continuam assim (casos de canoagem, squash, patinação artística e até o handebol).

As medalhas não trouxeram investimentos e praticantes para esses esportes. A história é sempre a mesma: enquanto as Confederações recebem recursos da Lei Piva, que vão principalmente para as seleções brasileiras, as federações estaduais praticamente vivem do esforço individual de seus dirigentes, praticamente sem dinheiro (a Federação de Hóquei e Patinação do RJ sobrevive apenas com R$30,00 mensais).

Acredito fortemente em três vetores para impulsionar o badminton: projetos sociais, badminton escolar e investimento em professores de Educação Física. Isto poderia ser feito com outros esportes, mas acho que o badminton leva grande vantagem por ser mais barato, por ser possível colocá-lo em qualquer quadra existente e por colocar mais pessoas jogando ao mesmo tempo (em uma quadra de futsal, cabem 4 quadras de badminton, onde podem jogar até 16 pessoas, contra 10 do futsal).

O Brasil é um país que tem claramente uma carência social muito forte. E temos visto como projetos sociais podem tirar crianças e jovens da marginalidade, incluindo na sociedade. Ainda há muito o que ser feito e o badminton pode ser um grande reforço nesta luta, como já vemos em alguns exemplos aqui no RJ.

Nossas escolas têm milhões de alunos e isto é muito pouco explorado em termos de esporte. Muitas escolas sequer têm quadras esportivas. Mas só usando as que já têm alguma estrutura, teríamos uma base fantástica de jovens praticantes. Imagine como seria fácil aparecer um grande atleta de badminton, se tivéssemos dezenas de milhares de praticantes, ao invés de algumas centenas.

E temos que atingir os professores de Educação Física. Precisamos ir às faculdades e mostrar o badminton, realizar clínicas, palestras, formar professores e árbitros. Temos que atrair novos professores e incentivá-los a levar o badminton a escolas e comunidades.

Como fazer isso sem dinheiro? Assunto para outro post.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Desenvolvimento de uma modalidade se dá através de duas vertentes: A massificação e a alta-performance, o espetáculo.
Apresento os seguintes exemplos:
Handebol: Muito praticado, adotado em qualquer escola e a muito tempo parte dos programas de educação física escolar. Contudo, sem resultados expressivos internacionais, sem ídolos e sem uma cobertura maior da mídia. Alguém sabe o último campeão brasileiro de handebol? A última matéria que ví em TV aberta desse esporte foi uma briga generalizada num ginásio de São Bernardo, matéria sensacionalista que ao invés de ajudar acaba manchando a imagem do esporte.
Vejamos agora exemplos opostos: Tênis, Hipismo, Iatismo: Grandes campeões, ídolos da mídia, contudo não massificados. Pequeno acesso à população e modalidade não tão desenvolvida como deveria.

As entidades organizadoras do badminton nacional vêm cobrindo com bastante competência a necessidade da massificação do esporte, contudo não devemos esquecer do badminton competitivo jogado em alto-rendimento, pois é ali que a ação midiática chega pesado e mostra o esporte com uma regularidade maior, sem apelar para o sensacionalismo. Seria grandioso quando a imprensa televisiva, escrita, internet passarem a divulgar regularmente o resultado de nossos atletas em torneios internacionais (como é feito com os atletas de Tênis. EX: Paulo Sacala passa primeira rodada do aberto da China) ou transmitirem um jogo ao vivo. O badminton passaria a ser um nome muito mais familiar e deixaria de ser visto apenas como um esporte exótico mostrado por algumas matérias isoladas na imprensa.
Concordo que uma medalha no Pan não bastaria, porém seria o primeiro passo para uma guinada de sucesso na vertente do esporte de competição, um agente motivador para que continuemos numa curva crescente para tornarmos fortes competitivamente não só a nível pan-americano como a nível mundial. Apesar de parecer distante é possível a médio e longo prazo e o ponta-pé inicial deve ser dado agora no Pan2007.

Concordo plenamente com a questão do professor de Ed. Física. Esse é o agente multiplicador e a mão-de-obra competente nos núcleos de desenvolvimento. Por vezes é observada a dificuldade de implantação do badminton em determinado núcleo, exatamente pela falta de conhecimento específico da modalidade pelo professor.
+ Professores capacitados = mais núcleos de prática. Mais núcleos de prática = mais praticantes. Mais praticantes = menos problemas de saúde pública relacionado ao sedentarismo, menos mazelas sociais relacionadas à ociosidade e além disso mais atletas com possível potencial competitivo.

Concluindo:
Massificação e Alto-rendimento: Um processo de retro-alimentação necessário para o desenvolvimento global de uma modalidade esportiva.

Um abraço a todos e parabéns pelo Blog!
Luiz de França